No sétimo andar da Biblioteca Irmão José Otão, da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), está localizado o Delfos, Espaço de Documentação e Memória Cultural. O centro reúne acervos de caráter multidisciplinar, é fonte de conhecimento e abrigo para pesquisadores, professores a alunos da Universidade.
No Oráculo de Delfos, na Antiga Grécia, havia pequenas construções, semelhantes a capelas, nas quais, eram guardados donativos de muito valor. Estes se chamavam thesaurus, ou seja, tesouros. Com a mesma finalidade, a PUCRS edificou em sua biblioteca o espaço Delfos, porém os tesouros são documentos de imenso valor, como acervos e coleções referentes à cultura nacional.
O projeto começou no ano de 2007, para atender a uma necessidade da instituição. Há mais de 20 anos atrás, tanto a FALE (Faculdade de Letras) quanto a FFCH (Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas), vem desenvolvendo o trabalho de coleta e preservação de documentos para disponibilizá-los futuras pesquisas. Porém, essas unidades possuíam dificuldades, pois não proviam de recursos para manter o trabalho. A solução encontrada, em decorrência da reforma da biblioteca, foi de reunir todos os acervos em um único espaço, e assim contar com o apoio da instituição.
Os acervos preservados são de inúmeras áreas do conhecimento. Embora, a maior parte das obras seja literária, há também documentos de grandes historiadores, arquitetos e jornalistas, bem como, coleções de periódicos de grande relevância histórica. A professora Doutora Alice Therezinha Campos Moreira, coordenadora do Delfos, define-o com um “espaço multicultural”.
Os acervos são obtidos através de doação, ou comodato. Segundo a Professora Alice, “as famílias (dos donos do acervo) sabem que não têm condições de desenvolver um trabalho, de preservar a memória, de promover encontros, de divulgar a obra, então muitas vezes elas doam”. A doação é a forma mais comum. O comodato ocorre quando os familiares não querem se desfazer totalmente, então assinam um contrato no qual é estabelecido um tempo em que a universidade detém a posse do acervo. Após esse tempo, os parentes possuem a liberdade de decidir entre prorrogar o contrato, doar por completo, ou recolher.
O ambiente é destinado à pesquisa e produção cientifica de projetos. Os 800 metros quadrados devem atender inicialmente a pesquisadores e acadêmicos da PUCRS, entretanto a área está aberta a pesquisadores de qualquer lugar do mundo. De acordo com Alice Moreira “quando há um pesquisador sênior, professores, pesquisadores, tanto da PUCRS, como do estado do Rio Grande do Sul, do Brasil ou de qualquer lugar do mundo, há salas individuais, em que podem usá-las, para desenvolver a sua pesquisa”. È com esse intuito que a unidade trabalha para a limpeza, preservação e organização do acervo.
São assim construídos os alicerces para o conhecimento novo. Além dos cuidados de armazenamento, há uma constante busca pela tecnologia em favor do acervo. Grande parte das obras foi catalogada no sistema Aleph da Biblioteca Irmão José Otão, o qual atua como meio para a fácil localização e para o controle da quantidade de obras. O catalogo Online possibilita o acesso por parte de pessoas de todas as nacionalidades.
Alguns documentos passam por fase de degradação, mesmo com rigoroso cuidado não há como eternizar o papel, além disso, muitos pesquisadores enfrentam dificuldades de locomoção. Dessa forma, o instituto pretende digitalizar todos os acervos, e torná-los disponíveis pela internet. Um exemplo que deu certo foi o do Acervo da Revista do Globo, o qual está totalmente digitalizado e disponível na rede.
O Delfos congrega os acervos da FFCH, nos quais estão presentes o acervo do historiador José Honório Rodrigues, e os manuscritos da coleção de Angelis, documentos sobre o Brasil Colonial, as Reduções Jesuíticas, e a maior parte da documentação sobre os indígenas Guarani.
A Famecos ( Faculdade de Comunicação Social) batalha para conseguir um espaço para todos os seus acervos. Os originais do Jornal O Movimento, um panorama sobre a época do Regime Militar no Brasil, e o Acervo sobre jornalistas de destaque, já integram o espaço.
Figuras marcantes como Celso Pedro Luft, Cyro Martins, Dyonélio Machado e Eduardo Guimarães têm suas obras, originais de suas obras, documentos pessoais, correspondências, repousando em prateleiras que aguardam o olhar atento e curioso do pesquisador. Além desses, o Delfos preserva o acervos de Moacyr Scliar, Lila Ripoll, Manoelito de Ornellas, Moisés Velhinho, Júlio H. Petersen, entre outros fundamentais tesouros da intelectualidade nacional.